quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Em debate





Causou surpresa e incredulidade a proposta de fechar consulados. É das medidas mais impopulares, por isso muitos políticos tentam contornar a questão à medida que, de facto, os consulados fecham... É preciso coragem para dizer que a gestão consular tem de ser encarada de uma forma eficaz e eficiente no mundo moderno, onde há mais facilidades de transportes e comunicação de meios. Depois, são as associações que conhecem os problemas no terreno e não as missões consulares, fechadas nos seus muros. É claro que não se devem fechar todos, mas também é óbvio que nenhum português no estrangeiro pode ter um consulado à porta de casa. Ao dizer ainda que os passaportes deveriam ser emitidos apenas em Portugal, estou a defender a segurança de um importante documento de identificação. Precisamente para que os nossos passaportes tenham valor real e não sejam um objecto que causa desconfiança mundial.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

"Uma nódoa que o vai perseguir..."

Recordar 2004...



E ouvir o que se diz hoje...



quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Entre o embuste e a compaixão

Enquanto o presidente norte-americano Obama desce nos índices de aprovação, o livro mais vendido do momento na lista de não-ficção do "New York Times" é a obra "Culture of Corruption", da jornalista Michelle Malkin, que associa o líder da América a um grupo de corruptos...



Entretanto, a América criou uma nova palavra para os dicionários: "Obambush". Significa o embuste de Obama, que se parece cada vez mais com a continuação da política de Bush do que a tão prometida mudança...



Deste lado do Oceano, apesar do primeiro-ministro inglês, Gordon Brown, negar, é cada vez mais óbvio que a libertação do agente secreto líbio condenado pelo atentado de Lockerbie não se deveu a um acto de compaixão ditado por relatórios médicos que garantiam restarem apenas três meses de vida ao condenado, mas sim pelas contrapartidas que o negócio do petróleo líbio poderá trazer à inglesa BP. Aliás, é de longe bem mais tranquilizador e preferível pensar que um governo está mais preocupado e empenhado a negociar petróleo do que propriamente a libertar terroristas por "compaixão". Por isso, quer seja Sócrates ou Leite a ganhar as eleições a 27, qualquer dos dois vai correr o risco de ser um embuste sem compaixão.

Texto originalmente publicado no blogue Eleições2009.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Da falta de moral política

O semanário "Sol" publica hoje com destaque de primeira página a notícia de que o segundo candidato da lista do PSD pelo Círculo da Europa, Santos Ferreira, está a contas com a Justiça na Alemanha por, alegadamente, ter burlado emigrantes portugueses. Acredito no direito à presunção da inocência e não conheço os contornos do processo, por isso não posso emitir um juízo de valor - nem seria esse o meu papel antes de uma sentença. Contudo, a líder social-democrata tem de esclarecer um outro elemento da notícia e que, esse sim, parece-me bem mais grave do ponto de vista moral e político: "Santos Ferreira terá chegado a invocar a imunidade parlamentar para atrasar a sua audição pelas autoridades alemãs, quando é apenas deputado suplente na actual legislatura. Na anterior, substituiu por alguns meses, em 2004, o cabeça-de-lista do círculo da Europa".
A crise, em Portugal, é também uma crise valores...

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Microsoft lava mais branco

O politicamente correcto nos EUA e o que deve ser na Polónia...



Retirado de Photoshop Disasters.

A real política ganha sempre

O primeiro-ministro inglês, Gordon Brown, combinou com o líder líbio, Moammar Kadhafi, a libertação de Abdelbaset Ali Mohamed al-Megrahi, o agente secreto detido na Escócia pelo atentado de Lockerbie. A conversa teve lugar em Itália, durante a cimeira do G8, seis semanas antes da libertação ter sido oficialmente anunciada pelo ministro da Justiça escocês, Kenny MacAskill. Este último, contudo, garante que decidiu tudo sozinho, sem qualquer pressão do governo central de Sua Majestade ou com receio de represálias económicas – como, por exemplo, a concessão da exploração do petróleo líbio à BP -, tendo justificado a libertação como um "acto de compaixão", pois o condenado apresentava um prognóstico médico de apenas três meses de vida.

Apesar das garantias do ilustre ministro da Escócia, não faltam evidências de que, nos bastidores, muito foi discutido. Numa carta escrita por Gordon Brown no dia da libertação de al-Megrahi e agora divulgada publicamente, o primeiro-ministro inglês lembrava ao líder líbio que, quando falaram em Itália, foi pedido, caso a justiça escocesa optasse pela libertação, que não houvesse qualquer tipo de manifestação de regozijo popular na Líbia por respeito para com as famílias das vítimas.

Nenhuma palavra foi dita no sentido de pedir a libertação, mas também nenhuma palavra foi proferida no sentido de a impedir. Gordon Brown, ele próprio natural da Escócia, ao reconhecer a possibilidade da libertação poder ocorrer e por isso ter tido o cuidado de pedir contenção nas celebrações – acto inútil, como se viu -, acabou por apoiar a decisão do ministro escocês.

Tudo isto é público e tudo isto se intuiu. Contudo, o que já não é tão público, é a notícia do "Sunday Times" da semana passada onde se revela que, caso o agente líbio não tivesse desistido de um recurso judicial – condição necessária à sua libertação por "compaixão" -, então uma das provas que a justiça escocesa iria ter de apreciar seria um documento de 1989, elaborado pela secreta dos EUA, onde se pormenorizavam as movimentações do Irão na encomenda, a terroristas sírios, de um atentado como retaliação ao derrube, cinco meses antes de Lockerbie, de um avião iraniano civil por um míssil disparado desde um porta-aviões norte-americano. Disparo esse, alegadamente, acidental. Em retrospectiva, os EUA nunca culparam os iranianos nem os operacionais sírios, pois, um ano mais tarde, em 1990, o pai Bush necessitou de garantir a neutralidade destes dois países quando invadiu o Iraque de Saddam Hussein na primeira guerra do Golfo. A Líbia, um pouco mais longe no mapa, surgiria depois como o alvo preferencial para as culpas de Lockerbie.

Vendo a história à luz deste último prisma, percebe-se melhor por que razão Kadhafi sabia que al-Megrahi iria ser libertado e por que não levou a sério o pedido de contenção de Gordon Brown. Entretanto, al-Megrahi diz-se inocente e, nos alegados três meses de vida que lhe restam, pretende escrever um livro a contar toda a verdade.

Um livro dá sempre jeito, mas não é Justiça. Nem para al-Megrahi, que assim nunca mais vai provar a presumível inocência em tribunal. Faz-me lembrar a história do casal inglês, autorizado a deixar Portugal pela sala VIP do aeroporto quando todas as provas eram suficientes para os colocar em prisão preventiva. Mais tarde, afastou-se da investigação o inspector da PJ que os queria prender e, por coincidência, conseguia-se a garantia de que o primeiro-ministro inglês assinaria o Tratado de Lisboa. O inspector da PJ demitiu-se e escreveu um livro onde contou toda a verdade. Mas, não foi suficiente para fazer Justiça.

Ganhou a real política.

Texto originalmente publicado no blogue Eleições 2009.

Soares, o virgem da política

Na crónica de ontem no "DN", o ex-Presidente da República, Mário Soares, esclarece que não respondeu aos pedidos dos jornalistas para prestar declarações sobre "um hipotético conflito institucional, divulgado por gente anónima", que facilmente se percebe ser o caso das escutas em Belém. O ex-Presidente tem uma qualidade única que lhe permite parecer ser a mais despudorada das virgens políticas nacionais. Soares afirma que não quis "alimentar" o conflito apenas porque "não é elegante dirigir críticas aos seus sucessores", além do "dever de reserva" que a qualidade de membro do Conselho de Estado lhe impõe. Tenho pena de quem acredita sinceramente nisto – tanto mais que na mesma crónica, o ex-Presidente diverte-se a criticar a prestação da candidata a primeira-ministra social-democrata durante a última entrevista que deu ao Canal do Estado.

Para perceber como Soares não nenhuma virgem política nisto de escutas em Belém e de ataques institucionais, recorde-se o ano de 1994. Em Março, o socialista António Guterres acabava de ser reeleito secretário-geral do PS e faltava um ano e meio para as eleições legislativas de 1995, mas em Belém, o antigo secretário-geral do PS e então Presidente da República, Mário Soares, movimentava a sua esfera de influências contra o então primeiro-ministro social-democrata, Cavaco Silva.

Em Abril desse ano foi detectado um microfone escondido no soalho do gabinete do então Procurador-Geral da República, Cunha Rodrigues. O caso lançou ondas de alerta que chegaram aos corredores do Palácio de Belém. O então Presidente da República colocou literalmente os seus assessores de traseiro para o ar à procura de microfones escondidos em aparelhos de telefone ou gravadores “esquecidos” em alguma gaveta ou debaixo de alguma secretária. Guterres não quis perder o comboio e foi para os jornais dizer que também achava que estava a ser escutado.

Diga-se de passagem que Cavaco Silva até que teria bons motivos para conhecer as conversas do Presidente da República, pois temia que o ocupante da cadeira de Belém pedisse a dissolução da Assembleia da República. Mário Soares levava a cabo pequenos actos públicos de destabilização do Governo, como a "Presidência Aberta" dedicada ao Ambiente e Qualidade de Vida, no início de Abril, ou ainda o facto de que, em Maio, realizava-se o congresso "Portugal Que Futuro?". Este último evento foi um desfilar de críticas contra o então governo de maioria absoluta do PSD e, apesar de não ter contado com a presença ou apoio explícito do Presidente da República, teve a participação activa de conhecidas figuras públicas próximas da área "soarista". O suficiente para dar a entender que quem mandava no congresso era Belém.

Recorde-se que foi também nesse ano que o então director do SIS, Ladeiro Monteiro, abandonou a direcção da secreta em conflito com o ministro Dias Loureiro. O mesmo Dias Loureiro que há meses teve de abandonar o lugar de Conselheiro de Estado em Belém depois de o seu nome ter sido envolvido no escândalo do BPN.

O Verão de 1994 viu ainda o PS a vencer as eleições para o Parlamento Europeu, garantindo assim a legitimidade de António Guterres como líder da Oposição e cada vez mais próximo da vitória nas eleições gerais de Outubro de 1995. Outro factor que, a 24 de Junho de 1994, contribuiu para o fim do cavaquismo foi a carga policial contra os manifestantes da Ponte 25 de Abril. O Presidente da República, ao mencionar depois o "direito à indignação", colocava mais lenha na fogueira política que fazia Cavaco Silva arder "em lume brando". O ano político de 1994 ainda veria, em Outubro, o PS a convocar os "Estados Gerais" e, no início de Dezembro, Mário Soares usava o termo "ditadura de maioria" durante uma entrevista ao mesmo "DN" onde hoje escreve crónicas. Pedro Santana Lopes, actual candidato do PSD à Câmara de Lisboa e ex-primeiro-ministro, foi então o primeiro a perceber que o barco estava a afundar-se e, quatro dias antes do Natal de 1994, demitiu-se do cargo de Secretário de Estado da Cultura.

Texto originalmente publicado no blogue Eleições 2009.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Quem os defenderá?

"Dos 120 mil portugueses que saíram do País para trabalhar na construção, 60 mil estão em condição irregular. Têm contratos ilegais e muitos nem recebem subsídios de alimentação".

"Diário de Notícias" - 19 de Agosto de 2009

Mas, quem é Rui Paulo Figueiredo?

Querem-nos convencer que as próximas eleições vão estar reféns de um conflito iniciado por este senhor?...



Aceito que sejam contra Monarquia, mas, caramba! ao menos ponham alguma ordem na República!

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

As razões de uma candidatura




Depois de ter sido o cabeça-de-lista do PPM ao Parlamento Europeu, candidato-me agora ao Parlamento Português pelo Círculo da Europa.

Se na candidatura a Eurodeputado queria representar Portugal na Europa, espero agora poder contar com a confiança de todos os portugueses que, na Europa, dão o máximo de si.

Estou presentemente a viver em Bedford, no Reino Unido. Sou temporariamente um emigrante, pois vivo aqui enquanto a minha mulher termina um doutoramento numa universidade inglesa.

Daqui a uns tempos, ela vai ter de decidir para que país vai trabalhar. Graças à sua competência, recebeu na semana passada uma carta de recomendação garantindo que os direitos de uma patente por si desenvolvida foram vendidos a uma importante companhia norte-americana, naquele que, até hoje, foi o maior negócio financeiro da universidade. Contudo, quando se pensou para onde em Portugal é que se poderia enviar tal carta juntamente com o seu Curriculum Vitae, a pergunta que ela me colocou foi: “Mas, e se alguém com cunhas passa à minha frente?”.

Essa dúvida, a das “cunhas”, surgiu de uma forma quase imediata e, infelizmente, natural. O Portugal das “cunhas” é o Portugal que não funciona. É o Portugal que empurrou muitos portugueses para a emigração.

Sei que existe um Portugal que funciona. Um dos locais onde existe esse país é na Europa dos Portugueses.

O Portugal que funciona está naqueles países onde trabalham os emigrantes portugueses, pois esses conseguem um emprego pelo mérito e não pela “cunha”.

Muitos dos portugueses que trabalham e representam o nosso país no resto da Europa sentem-se mais portugueses quando estão fora do país. Quando regressam em férias ou, por outro motivo pessoal, sentem uma profunda e sincera tristeza por haver pequenos detalhes tão corriqueiros noutros países que poderiam fazer do nosso país um local muito melhor: agilidade da burocracia, contenção de despesas, moralidade política, cultura, fiscalização, imaginação, educação e civismo. São regras básicas de sociedade em muitos países do mais velho continente do mundo.

Não é à toa que muitos dos países onde portugueses trabalham pela Europa são Monarquias Constitucionais. Desde a Espanha, ao Reino Unido. Passando pelo Luxemburgo, Holanda, Bélgica, Suécia, Dinamarca e Noruega. São países onde a Monarquia não é coisa bárbara, mas sim um motivo de respeito mundial.

Ao votarem no PPM nas próximas eleições não estarão a dizer que Portugal deve evoluir para uma Monarquia Constitucional. Um dia lá chegaremos, pois primeiro será necessário um referendo.

O que quero dizer aos eleitores portugueses que podem eleger os deputados pelo círculo da Europa é que um deputado monárquico, eleito pela “Europa dos Portugueses”, vai ter mais visibilidade do que qualquer outro deputado eleito por um dos velhos ou novos partidos do “sistema”.

Do “sistema” que não funciona.

Do “sistema” que expulsou os portugueses válidos do seu próprio país, obrigando-os a ter de procurar uma nova vida longe do calor humano da família.

É aos portugueses que querem um Portugal que funcione que quero dar um rosto único no Parlamento Português. Um rosto e uma voz na defesa dos direitos de quem o elegeu.

A vantagem de serem representados por um deputado do PPM não será só a de colocar um grão de areia na engrenagem da República, mas sim a de eleger como deputado alguém que sabe a quem prestar contas. E devo prestar contas aos meus eleitores e não a um qualquer grupo de interesses disfarçados de falsas virtudes e moralidade.

Ao longo da minha carreira de jornalista sempre dei voz a quem não a tinha. Trabalhei no semanário “Tal&Qual”. Investiguei casos polémicos – vejam, por exemplo a minha investigação sobre Camarate -, apontei nomes, chamei os bois pelos nomes.
Sofri pressões, sofri represálias financeiras e ameaças de despedimento – a nova “censura”.

Se for eleito pelos meus semelhantes que trabalham na Europa, irei ter a liberdade e legitimidade de falar sem medo de assuntos que outros não podem, pois esses fazem parte do Portugal que não funciona.

O meu gabinete no Parlamento Português, aberto a todos, será igualmente fácil de encontrar: vai ser o que tem as cores de um Portugal que quer trabalhar, prosperar na Europa. Um Portugal que já foi grande no mundo, um Portugal de direito na Europa.
Na Europa dos Portugueses.

Lembrem-se disso.

Não é uma promessa, é uma vontade.